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DANÇA/CRÍTICA
Livro traça articulações no universo de Pina Bausch
INES BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
O lançamento de "Pina
Bausch", do repórter da Folha Fabio Cypriano, com fotos de
Maarten Vanden Abeele, coloca
em foco "Água", uma obra sobre
o Brasil de um dos maiores nomes
internacionais da dança, contextualizando sua importância no
mundo das artes e sua trajetória.
Depois da breve e pessoal introdução de Bob Wilson, a apresentação de Miguel Chaia destaca a
divisão do trabalho em dois eixos:
vertical e horizontal, "que permitem reter o método de trabalho de
Bausch para apanhar as subjetividades e o entorno respectivamente; e ainda a idéia de "coreógrafa-cartógrafa", para reafirmar Pina
Bausch como uma mergulhadora
de oceano das almas e das paisagens". A introdução do próprio
Cypriano fala dos viajantes e suas
buscas e da relação de Bausch
com o Brasil; destaca ainda um esgarçamento das fronteiras, tanto
geográficas quanto artísticas, na
arte da coreógrafa alemã.
"A Dança-Teatro de Pina
Bausch", primeira parte do livro,
é uma boa introdução sobre a trajetória de Bausch e seu modo particular de encenação, um marco
nas artes do século 20. Com muitas referências e várias citações, é
um material rico para consulta.
Na segunda parte do livro,
"Destino Brasil", que vem depois
de uma série de fotos coloridas de
diversas peças de Bausch, Cypriano volta a traçar a relação de
Bausch com o Brasil, agora de
maneira mais detalhada; segue-se
um diário da viagem do grupo a
Salvador. As fotos dizem bastante
da construção dos espetáculos,
com foco nas sensações, nas emoções e na presença humana. Outro bloco de fotos coloridas aparece no final: imagens de "Água".
Há também fotos em preto-e-branco no decorrer do livro.
A terceira parte da obra é a mais
reflexiva, com descrições e análises das cenas que compõem o espetáculo "Água", acompanhadas
de observações do autor. Observações que, justamente por seu
interesse, talvez dispensassem o
diário anterior - já inserido aqui,
sem demasiada enumeração.
Cypriano tenta mostrar como o
Brasil se constrói na peça de
Bausch através das relações de
sentidos: "A percepção da importância da sensorialidade de maneira global, característica fundadora da cultura brasileira [...] a
atitude é resignada, o que demonstra uma necessidade de conciliação, referência direta ao modo informal de comunicação do
brasileiro, sempre buscando uma
posição intermediária, uma gradação".
O livro traz falas da artista que
revelam muito de seu processo
criativo. Cypriano ressalta que
"Bausch participa ativamente do
contexto em que se insere [...] a
viagem, como percebeu-se em
Salvador. Não significa apenas
deslocamento e reconhecimento,
mas é uma forma de despertar
subjetividades".
Eventos
Em São Paulo, o lançamento do
livro acontece em duas edições:
amanhã, às 20h, simultaneamente à abertura de uma exposição
das fotos de Abeele na galeria Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, SP,
0/xx/11/3088-2471).
No dia 12/11, às 10h30, na Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2,
SP, tel. 0/xx/11/ 3229-9844), o lançamento inclui palestras de
Cypriano, Miguel Chaia e Christine Greiner, além da projeção de vídeos
Pina Bausch
Autor: Fábio Cypriano, com fotos de
Maarten Vanden Abeele
Editora: CosacNaify
Quanto: R$ 75
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