São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA/CRÍTICA

Livro traça articulações no universo de Pina Bausch

INES BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

O lançamento de "Pina Bausch", do repórter da Folha Fabio Cypriano, com fotos de Maarten Vanden Abeele, coloca em foco "Água", uma obra sobre o Brasil de um dos maiores nomes internacionais da dança, contextualizando sua importância no mundo das artes e sua trajetória.
Depois da breve e pessoal introdução de Bob Wilson, a apresentação de Miguel Chaia destaca a divisão do trabalho em dois eixos: vertical e horizontal, "que permitem reter o método de trabalho de Bausch para apanhar as subjetividades e o entorno respectivamente; e ainda a idéia de "coreógrafa-cartógrafa", para reafirmar Pina Bausch como uma mergulhadora de oceano das almas e das paisagens". A introdução do próprio Cypriano fala dos viajantes e suas buscas e da relação de Bausch com o Brasil; destaca ainda um esgarçamento das fronteiras, tanto geográficas quanto artísticas, na arte da coreógrafa alemã.
"A Dança-Teatro de Pina Bausch", primeira parte do livro, é uma boa introdução sobre a trajetória de Bausch e seu modo particular de encenação, um marco nas artes do século 20. Com muitas referências e várias citações, é um material rico para consulta.
Na segunda parte do livro, "Destino Brasil", que vem depois de uma série de fotos coloridas de diversas peças de Bausch, Cypriano volta a traçar a relação de Bausch com o Brasil, agora de maneira mais detalhada; segue-se um diário da viagem do grupo a Salvador. As fotos dizem bastante da construção dos espetáculos, com foco nas sensações, nas emoções e na presença humana. Outro bloco de fotos coloridas aparece no final: imagens de "Água". Há também fotos em preto-e-branco no decorrer do livro.
A terceira parte da obra é a mais reflexiva, com descrições e análises das cenas que compõem o espetáculo "Água", acompanhadas de observações do autor. Observações que, justamente por seu interesse, talvez dispensassem o diário anterior - já inserido aqui, sem demasiada enumeração.
Cypriano tenta mostrar como o Brasil se constrói na peça de Bausch através das relações de sentidos: "A percepção da importância da sensorialidade de maneira global, característica fundadora da cultura brasileira [...] a atitude é resignada, o que demonstra uma necessidade de conciliação, referência direta ao modo informal de comunicação do brasileiro, sempre buscando uma posição intermediária, uma gradação".
O livro traz falas da artista que revelam muito de seu processo criativo. Cypriano ressalta que "Bausch participa ativamente do contexto em que se insere [...] a viagem, como percebeu-se em Salvador. Não significa apenas deslocamento e reconhecimento, mas é uma forma de despertar subjetividades".

Eventos
Em São Paulo, o lançamento do livro acontece em duas edições: amanhã, às 20h, simultaneamente à abertura de uma exposição das fotos de Abeele na galeria Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, SP, 0/xx/11/3088-2471).
No dia 12/11, às 10h30, na Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, SP, tel. 0/xx/11/ 3229-9844), o lançamento inclui palestras de Cypriano, Miguel Chaia e Christine Greiner, além da projeção de vídeos


Pina Bausch
   
Autor: Fábio Cypriano, com fotos de Maarten Vanden Abeele
Editora: CosacNaify
Quanto: R$ 75


Texto Anterior: Série apresenta Grande Otelo e Jece Valadão
Próximo Texto: Teatro: XPTO pula os muros do medo em nova montagem
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.